http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2000/10/20/int617.html
Oderramamento de sangue nas últimas semanas põe palestinos, israelenses e ocidentais diante de uma grande escolha. Os palestinos podem decidir se interrompem sua campanha de violência contra Israel ou a mantêm durante meses ou até anos. O passado mostra que eles podem tomar um ou outro rumo: em agosto de 1929 e setembro de 1996, por exemplo, sua violência durou apenas alguns dias. Mas, de 1936 a 1939 (a "revolta árabe") e de 1987 a 1991 (a "intifada"), eles empregaram a força durante anos, mostrando notável disposição para sacrificar vidas e bem-estar econômico.
O que é provável desta vez - dias ou anos? O estado de espírito entre palestinos e entre seus partidários árabes e muçulmanos aponta para uma longa campanha de violência por vários motivos, mas principalmente porque os palestinos constatam que Israel já não é o heróico país do passado. É fraco, está desmoralizado e é facilmente intimidado por violência em pequena escala.
Veja-se como o tão elogiado Exército israelense fugiu do Líbano em maio, derrotado por um heterogêneo grupo de terroristas do Hezbollah. Apenas uma semana atrás, tropas israelenses abandonaram o Túmulo de José, local judaico sagrado, sob a pressão de uma multidão. Os israelenses continuam esperando que Yasser Arafat e os palestinos, quando ganharem um Estado, viverão em harmonia com Israel? Ou, observando a conduta palestina dos últimos sete anos, concluirão que o impulso palestino de destruir Israel não mudou?
Expondo a questão de outra forma: A meta final dos palestinos é o estabelecimento de um Estado (a Palestina) ou a destruição de um Estado (Israel)?
Depois da recente violência, os israelenses chegaram à opinião quase unânime de que os palestinos nunca aceitarão a existência permanente de um país judeu soberano no Oriente Médio.
Finalmente, americanos, europeus e todo o restante do mundo estão diante de uma escolha: continuar pressionando Israel para que faça concessões aos árabes ou adotar uma atitude diferente. Conseguir que Israel se retire de territórios ocupados é uma história. A curto prazo, concessões de Israel trazem muitas vantagens ao mundo exterior, pois tapam o conflito árabe-israelense e reduzem a irritação árabe com o Ocidente. Mas esse modelo não pode durar para sempre. A certa altura, Israel já não terá terras para entregar. Comprar os palestinos dessa forma é na melhor das hipóteses uma política temporária. Em vez de conquistar a boa vontade dos inimigos, vai motivá-los a desprezar Israel e considerá-lo fraco. A magnanimidade não leva à amizade, mas a um perigoso estado de contentamento e ambição.