Ainda que não tenha sido nada fácil nem rotineiro, tinha a esperança que a solicitação seria aprovada com base no fato de meus pais, Richard e Irene, terem nascido na Polônia e que lá viveram até a metade de sua adolescência, além de meu pai ter tido um papel importante na Casa Branca na época de Reagan, quando da crise polonesa de 1981 e 1982, minha mãe é Presidente da Associação Americana de Estudos Poloneses Judaicos, ambos com medalhas do governo polonês, fora minhas boas relações com Radek Sikorski, Ministro das Relações Exteriores e o fato da minha mãe já ter recebido a cidadania polonesa.
A capa de um passaporte polonês. |
Em seguida, no meio do processo, os termos da solicitação foram alterados. De acordo com uma sentença judicial, não só eu, mas também minhas filhas nasceram polonesas. O que antigamente precisava de autorização presidencial, agora se tornou um processo burocrático de rotina. As coisas andaram depressa e, culminando com uma visita à consulesa Ewa Junczyk-Ziomecka à cidade de Nova Iorque, em setembro de 2013, recebi o passaporte polonês no mês seguinte.
No início, era apenas um papel impresso. Logo depois, em uma recente viagem à União Européia, minha primeira viagem com a nova cidadania, apresentei na alfândega o passaporte polonês. Também o usei no registro em hotéis, bem como em museus e edifícios do governo. Para minha surpresa, o passaporte era motivo de perguntas do tipo, se eu falava inglês.
Mais interessante ainda, pela primeira vez desde que nasci nos Estados Unidos e viajei para fora do país com a idade de três anos em 1953, tive plenos direitos em outras terras, não em qualquer lugar, mas em terras do tamanho de praticamente um continente, compreendendo uma população de mais de 500 milhões de pessoas. E lá no fundo, senti uma nova conexão à terra dos meus antepassados, a Polônia. Visitei a Polônia pela primeira vez em 1976, apoiei atividades sem fins lucrativos, planejei voltar futuramente e, até pretendia estudar um pouco de polonês, língua notoriamente difícil. O velho país se tornou o novo país.
Resumindo, o que começou como conveniência e formalidade, de certa maneira, mudou meu senso de identidade. 26 de março de 2014
Atualizações de 27 de março de 2014: (1) o Ministério das Relações Exteriores polonês postou uma entrada sobre minha cidadania no endereço a seguir "Powrót do kraju przodków. Felieton historyka Daniela Pipesa o Polsce."
(2) E o próprio Ministro das Relações Exteriores Radek Sikorski enviou um tweet de "Bem vindo de volta, Daniel", seguido pela URL dessa inserção no blog, que eu agradeço muito.