Reflexões sobre o atentado de Madri
A maioria dos analistas americanos está de acordo em que a resposta do eleitorado espanhol aos atentados de 11 de março equivale a um grave retrocesso na guerra global ao terror. Os eleitores entenderam a violência como o resultado da presença de mil e trezentos soldados espanhóis posicionados no Iraque e votaram por sua retirada.
Concordo que isso é um retrocesso; entretanto, estou inclinado a considerá-lo como relativamente menor. Eis o por quê:
O papel da Espanha no Iraque é basicamente simbólico. Seus mil e trezentos soldados são bem-vindos, é claro, mas ninguém pode afirmar que eles têm parte decisiva, ou mesmo importante, no governo do Iraque.
A Espanha, em compensação, desempenha papel-chave na guerra contra o terror. ( A propósito, contrariando a opinião do governo americano, eu considero a guerra ao terror — que prefiro chamar de guerra ao Islã militante — igualmente distinta da deposição de Saddam.) A matança de duzentas pessoas em Madri despertou para a realidade da ameaça islamista não só os espanhóis, como também muitos outros povos na Europa. Assim sendo, seguindo o meu paradigma da "educação pela morte", é provável que as explosões levem a Europa a tomar medidas de segurança muito melhores contra a violência islamista.
Resumindo, minha previsão é de que a perda menor das tropas espanholas no Iraque será mais do que compensada pela extrema urgência de intensificar as defesas da Espanha e da Europa contra o Islã militante. Aquelas duzentas vidas não se terão perdido à toa — é no que creio e confio.
Eu, o 3 de copas
O exército americano teve a brilhante idéia de identificar e priorizar o inimigo saddamista designando a cada um dos líderes uma carta de baralho correspondente: do próprio Saddam Hussein, como um ás de espadas, até o dois de paus. A idéia pegou, e baralhos de todo tipo apareceram. Por exemplo, o newsmax.com oferece um "Deck of Weasels."
Entrem no conhecidíssimo site do autor francês Thierry Meyssan. Ele é mais conhecido por sua invencionice, transformada em bestseller, 11 Septembre 2001 : L'effroyable imposture ( traduzida para o inglês como 911: The Big Lie ), onde tenta provar que nenhum avião se chocou contra o Pentágono; ou antes, que foi tudo uma conspiração do governo americano para justificar a guerra contra o terrorismo. Bem, em agosto de 2003, Meyssan criou "Les 52 plus dangereux dignitaires américains" ( também disponível em pdf. ). Melhor ainda, o baralho está disponível na tradução inglesa e italiana.
Não só muitos dos meus amigos lá se encontram, como eu também, estrelando como o três de copas. (foto abaixo)
Será realmente necessário salientar que o retrato que Meyssan pinta de mim é tão distorcido quanto sua compreensão do que aconteceu no Pentágono, naquele dia terrível?
Afirma que os muçulmanos não são capazes de se "dissolver" na sociedade americana e recomenda sua exclusão do serviço público e das Forças Armadas. Organizador-mor da caça às bruxas nos campi dos Estados Unidos, ele orquestrou a expulsão de acadêmicos favoráveis aos direitos palestinos.
Para encurtar, eu nunca exigi a exclusão de muçulmanos; apenas concluí com relutância que, devido à a campanha de violência islâmica militante, é preciso dar-lhes atenção especial. Campus Watch não trata de direitos palestinos, e sim do fracasso da cátedra de Estudos do Oriente Médio na América do Norte. E a idéia de que eu tenha orquestrado alguma "expulsão" de acadêmicos é a mais pura fantasia meyssaniana.