Daniel Pipes participou de um debate em 11 de janeiro sobre o conflito entre israelenses e palestinos no Heritage Foundation em Washington DC, onde também estavam presentes o republicano Ron DeSantis, o ex-assessor de segurança nacional Elliott Abrams e o consagrado pesquisador James Phillips da Heritage Foundation.
A transcrição abaixo foi ligeiramente editada.
Minha resposta à pergunta acima, é sim. Mas proponho uma abordagem completamente diferente para alcançá-la.
A abordagem atual do "processo de paz", que remonta a 30 anos, não está dando certo. Ela pode ser incrementada, é o que a Administração Trump está fazendo, mas, em última análise, vai esfarelar porque depende da aceitação palestina da existência de Israel, o que ainda não aconteceu, e não há uma luz no final do túnel. Esse é o problema que precisa ser abordado, um problema que não pode ser abordado pela diplomacia. Ele precisa ser abordado de uma maneira totalmente diferente.
Eu gostaria de voltar um pouco no tempo antes de propor uma nova abordagem. Considere dois períodos com três datas cada um. As três primeiras datas são 1865, 1945 e 1975, o fim da Guerra Civil Americana, o fim da Segunda Guerra Mundial e o fim da Guerra do Vietnã respectivamente. Todas tiveram um fim conclusivo. Elas acabaram com as batalhas, a luta parou definitivamente. O Sul nunca mais se insurgiu. Os alemães nunca mais tentaram conquistar a Europa. E os americanos não voltaram ao Vietnã.
Agora as três datas do segundo período: 1918, 1953 e 1967, o fim da Primeira Guerra Mundial, o fim da Guerra da Coreia e o fim da Guerra dos Seis Dias. Essas guerras foram inconclusivas. Os alemães começaram outra guerra. A Guerra da Coreia pode recomeçar a qualquer momento. As hostilidades entre os árabes e Israel foram reiniciadas.
A diferença entre as primeiras três datas e as segundas reside no sentimento de derrota dos vencidos. Na primeira tríade havia o sentimento de derrota, na segunda, não. Perder um round em uma guerra não equivale a se sentir derrotado. Derrota significa que o perdedor desistiu dos objetivos da guerra. É isso que nós americanos experimentamos em 1975. Vitória significa impor sua vontade ao inimigo. O inimigo desiste, prevalece o vencedor.
Adotando esse tipo de análise ao conflito israelense-palestino, descobriremos que ao longo de 45 anos, de 1948 a 1993, os israelenses buscaram a vitória. Depois disso, melhor dizendo, desde a assinatura dos acordos de Oslo, eles não buscaram mais a vitória. Os israelenses tentaram diferentes abordagens: apaziguamento, retirada unilateral, apagar incêndios, mas não a busca da vitória.
Nesses anos predominou no processo de paz a ênfase na diplomacia, assumindo que o que o líder da OLP, Iasser Arafat, disse no Jardim da Casa Branca em setembro de 1993 era verdade, ou seja: que os palestinos aceitavam a existência de Israel, que a guerra tinha acabado. Mas não foi o que aconteceu, também não é verdade hoje. A guerra continua. De modo que, o necessário é uma abordagem que enfrente o irredutível problema do rejeicionismo palestino.
O rejeicionismo palestino remonta a um século. Ele significa dizer não ao sionismo, não aos judeus, não a Israel: nenhum contato político, nenhuma relação econômica, nenhuma relação pessoal. O rejeicionismo, verdade seja dita, sofreu rupturas, ele já não é tão puro quanto há um século, mas continua sendo uma força poderosa, constituindo o cerne do problema. Ele tem que ser enfrentado.
E conforme Elliott Abrams, membro da minha equipe destacou, há a falsa noção entre os palestinos, devido a má liderança, apoio internacional, doutrina islâmica, mentalidade dos serviços de segurança israelenses, de que eles têm condições de derrotar Israel, que podem varrer o estado judeu do mapa. É preciso acabar com essa fantasia.
É com isso que o governo dos EUA, como grande potência, precisa lidar. Estou recomendando que a Administração Trump adote uma política que incentive os israelenses a vencerem. Vencerem, como em 1865/1945/1975, para dar fim ao conflito, fazer com que os palestinos compreendam que a festa acabou e que eles perderam. Se eles estiverem realmente incomodados, eles podem escrever uma carta, sem meias palavras, ao editor. Basta com as resoluções da ONU contra Israel, basta com as milícias, basta com o BDS dos campi. Basta. Acabou. Fim.
Tenho a esperança que um presidente americano, o atual ou um próximo, diga a sua equipe: "sabem de uma coisa, a diplomacia não está dando certo. Estamos patinando há décadas, essa abordagem não está indo a lugar algum. Há uma alternativa?" Sim, haverá uma alternativa, é o que chamamos de vitória de Israel.
Conforme vocês ouviram na apresentação da biografia do copresidente Ron DeSantis, o Conselho de Congressistas para Vitória de Israel, já conta com 32 membros. Há também 26 membros na Convenção da Vitória de Israel no Knesset. Começamos com esse programa há apenas um ano, sob os auspícios de Gregg Roman, diretor do Middle East Forum, EJ Kimball, que encabeça nossa iniciativa para a vitória de Israel em Washington, e Ashley Perry, que a conduz em Jerusalém. Estamos montando uma base política e também intelectual, a intelectual por meio de palestras como esta que estamos realizando hoje, ajustamos a contratação de estudos, estamos edificando a ideia como alternativa ao paradigma existente.
É necessário enfatizar que se trata de uma abordagem, não uma política. Não estamos dizendo que somos a favor ou contra dois estados. O ponto é que Israel precisa convencer os palestinos que acabou. O conflito chegou a termo pelos fatos objetivos segundo os quais Israel é um país em franco desenvolvimento, poderoso, enquanto os palestinos patinam em políticas opressoras e disfuncionais.
É uma iniciativa de longo prazo. O objetivo não é mudar a política nos próximos meses. Mas com o passar do tempo, colocar algo a mais sobre a mesa que se enquadre no padrão histórico. Não se acaba com as guerras por meio de negociações. Tenha em mente o Vietnã: não acabou com a diplomacia, acabou quando o exército do Vietnã do Norte invadiu o Sul e assumiu o controle. As guerras terminam quando um dos lados joga a toalha.
Mantemos estreitas relações com Israel. Conforme o republicano 'De Santis' assinalou, temos os mesmos interesses e a mesma base moral. Portanto, devemos ajudar Israel a vencer.
Ironicamente, quando os palestinos se darem por vencidos, eles poderão construir algo de bom. Quando abandonarem o execrável, irredentista objetivo de eliminar o estado judeu, eles poderão estabelecer sua própria política, economia, sociedade e cultura. No longo prazo, os palestinos ganharão ainda mais do que os israelenses. Sim, os israelenses não serão assassinados a caminho da pizzaria, não enfrentarão a enxurrada de hostilidades nas Nações Unidas e em outros lugares. A diferença é que os israelenses já desfrutam de uma vida boa. Os palestinos não. Eles vivem esmagados pela opressão e pelo atraso. Eles só serão capazes de construir algo se desistirem do rejeicionismo, virarem a página e seguirem em frente, passando a fazer algo construtivo.
De modo que espero que vocês se juntem a nós no Middle East Forum para defender esta abordagem, juntamente com seus membros do Congresso, intelectualmente e de outras maneiras. Apresentamos um novo paradigma que nos tira do atoleiro do "processo" que não vai a lugar nenhum e que, na realidade, é contraproducente. As relações palestino-israelenses estão piores hoje do que há 25 anos quando os acordos de Oslo foram assinados. Dito isto, precisamos de novas ideias. Eu apresento esta a vocês como forma de alcançar o "suprassumo dos acordos".
O Sr. Pipes (DanielPipes.org, @DanielPipes) é o presidente do Middle East Forum. © 2018 todos os direitos reservados.