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Qualquer país europeu com um problema islamista arraigado tem um partido político no parlamento focado em lidar com essa ameaça, menos um, o Reino Unido. A falta do que eu chamo de um partido civilizacionista (porque procura salvar a civilização ocidental) tem implicações profundas, isso significa que os britânicos não têm como promulgar uma legislação contra a ameaça islamista nem os partidos existentes se sentem pressionados a prestar atenção a ela. Por esta razão, o "Londonistan" fomenta as perspectivas mais sombrias do que qualquer outro país ocidental.
Anne Marie Waters, autora do livro que está em suas mãos ou na tela do seu dispositivo de leitura, é uma das poucas que consegue suprir a carência. Conforme mostra de forma contundente o livro Beyond Terror: Islam's Slow Erosion of Western Democracy, a autora conta com a sua biografia, qualificação, conhecimento e disposição de fundar um partido civilizacional. Com efeito, ela iniciou o processo de fundar o partido For Britain no final de 2017, partido este "para a maioria esquecida".
Visto sob esta ótica, Beyond Terror serve ao triplo propósito de apresentar Waters ao público, documentar o problema civilizacional e expor as políticas dela.
A auto-apresentação enfatiza a insatisfação mútua entre ela e a esquerda, mostra como as críticas ao islamismo tornaram inóspito seu lar político de longa data. Eu achei as visões de insider dela esclarecedoras, em especial como o pró-islamismo se tornou parte integrante da visão de mundo e do programa da esquerda. Chegou ao ponto, explica Waters, que "a esquerda política moderna irá se posicionar contra seus camaradas se cair em desgraça com respeito ao Islã". Estranhamente, aquele que se opõe a "um extremismo religioso de extrema-direita que discrimina e avaliza abertamente a violência contra as mulheres, executa homossexuais e pune os dissidentes com a espada" se vê em maus lençóis.
Isso só pôde acontecer porque "a esquerda moderna adotou todo um modelo inédito de prioridades. Não estando mais interessada nos direitos das classes trabalhadoras ou em proteger as minorias vulneráveis, a nova esquerda da classe média, com formação universitária, é uma besta ideológica." Em outras palavras, a política de identidade passou para trás a questão econômica. Trabalhadores, abram caminho para os acadêmicos. Adeus Marx, olá Gramsci.
"Extrema Direita" é como o The Economist chama Waters e o que The Times of London pede para a Grã-Bretanha, o adjetivo, no entanto, fora de qualquer propósito, distorce as duas identidades políticas. Waters teve uma formação com forte influência da esquerda, ela foi membro do Partido Trabalhista por cerca de 10 anos. Seu ativismo político começou em prol da manutenção socialista do Serviço Nacional de Saúde. Ela serviu tanto como representante de sindicato quanto como membro do conselho do National Secular Society. Ela se considera uma feminista da segunda onda e mais ou menos uma absolutista da liberdade de expressão.
Após o embate com a esquerda, a visão dela passa a ter características centristas: ela bota fé na liberdade individual, na limitada intromissão do estado, na prestação de contas do governo, na baixa migração e na civilização ocidental fundamentada nos pilares cristãos e seculares. Ela aposta no mercado livre juntamente com um setor público robusto. Ela é uma nacionalista que se opõe à migração em massa. De acordo com esse perfil, o partido For Britain não é nem de esquerda nem de direita e muito menos de extrema-direita e representa o que ele mesmo se autodefine como "a maioria decente".
Waters é reticente em fornecer pormenores sobre suas dificuldades em criar um partido (você não se perguntou por que este livro bem britânico é publicado no meio-oeste americano?) e avalia futuras táticas. Aguardo ansiosamente que ela forneça mais informações sobre esse assunto.
A segunda parte examina a indignação no tocante ao flagelo islâmico, cobrindo com discernimento doze países ocidentais (com especial atenção ao Reino Unido e aos Estados Unidos), apreciando, por cima, diversos países de maioria muçulmana. Ela documenta a ação destrutiva da soma da máquina de esquerdistas e islamistas em relação a temas como liberdade de expressão, homossexualidade e instrução escolar.
Anne Marie Waters, discursando sob o cartaz. |
A última parte promove as recomendações de Waters. Ela começa observando que quando se trata das questões correlatas sobre imigração e islamização, os partidos que dominam a Câmara dos Comuns da Grã-Bretanha, que se resumem a quatro partidos, "estão totalmente alinhados" e de comum acordo quanto à "deliberada palatabilidade do Islã". Ela retrata esse conchavo como uma arrogância das elites que vê o público votante como "totalmente idiota".
Felizmente, mesmo que a liberdade de expressão tenha "encolhido drasticamente entre nossos líderes", ela "ainda existe de alguma maneira entre as pessoas comuns". Parafraseando George Orwell, Waters se volta para essas pessoas comuns: "a esperança reside nas proles". É necessário que haja uma onda populista, assim sendo: "a única maneira pela qual o islamismo será derrotado ou mesmo confrontado é através do poder do povo. É imperativo usar nosso voto e nosso direito de concorrer a cargos políticos para destituir os parlamentares cúmplices".
Ela delineia um programa constituído de cinco etapas:
A escola islâmica de Jameah Islameah em Kent foi fechada após um ataque contraterrorista. |
- Restaurar o governo passível de prestar contas, restaurando o poder de instituições internacionais (ou seja, a União Europeia) para o estado-nação.
- Ensinar as crianças de forma positiva sobre o país delas.
- Adotar uma lei que valha para todos, acabando com as "desastrosas práticas islâmicas".
- Assumir o controle da imigração e deportar os imigrantes criminosos.
- Ficar de olho nas instituições islâmicas e atento aos sinais de islamismo.
São recomendações políticas indiscutivelmente sensatas, eu acrescentaria a 6ª: "marginalizar o islamismo e ajudar a fortalecer o Islã moderado".
É compreensível que Waters não inclua uma recomendação dessas. Ela escreve: "eu não acredito que haja uma diferença entre o islamismo e o Islã. ... O islamismo é meramente a implementação política das doutrinas do Islã." Diferentemente, eu sustento que são duas coisas distintas: o Islã é a fé por completo, o islamismo é uma interpretação (extremista) dela. Para Waters, o islamismo representa a única forma verdadeira do Islã, para mim ele é apenas uma maneira de implementar o Islã e que há outras interpretações mais benignas e igualmente válidas.
É uma diferença de crucial importância: Waters não acredita, ao passo que eu acredito em um Islã moderado. Ela não tem esperanças que possa haver mudanças no Islã, eu sustento que o Islã radical é o problema e que o Islã moderado é a solução. Além de outras vantagens, minha abordagem proporciona a possibilidade de cooperação com os muçulmanos anti-islamistas, algo que eu espero seja uma prioridade para o For Britain.
Apesar das nossas diferenças no tocante à natureza do inimigo, Anne Marie Waters e eu estamos na mesma trincheira, lutando contra os mesmos adversários. Portanto tenho a esperança que este manifesto contribua para a criação do partido 'civilizacionista' do Reino Unido, urgentemente necessário, para que o For Britain ingresse em breve no parlamento e, uma vez lá, ajude a moldar o futuro do país.
Daniel Pipes
Presidente do Middle East Forum
Filadélfia, Pensilvânia
Abril de 2018
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