A capa do livro é tão estranha quanto o conteúdo. |
A maioria dos leitores que pega um livro de 723 páginas com o título The Oxford Handbook of Contemporary Middle Eastern and North African History irá, como eu, imaginar encontrar um levantamento rigoroso e sistemático dos acontecimentos naquela região desde o final dos anos 1970, do Marrocos ao Afeganistão, da Turquia ao Sudão. Ora, se este for o caso, prezado leitor, não perca seu tempo.
Ghazal e Hanssen compilaram uma coletânea mais ou menos aleatória de 33 ensaios. Para começar, os primeiros 15 fazem parte de um período anterior ao final dos anos 1970. Claro, a história precisa de um background, mas um capítulo sobre a "Crise fiscal e mudança estrutural na economia no final do período otomano", está para lá de remoto das questões contemporâneas. "Uma Guerra pelo Povo: A Guerra da Independência da Argélia, 1954-1962" se encontra só a meio caminho cronologicamente remoto, mas, certamente poderia ter sido incorporada ao capítulo sobre a Argélia contemporânea. Ah sim, calma lá, não há nenhum capítulo sobre a Argélia contemporânea...
"Contraterrorismo e contrainsurgência no período neoliberal" não decepciona menos do que o título sugere. Um trecho: "a produção de conhecimento e a incorporação de conhecimento colonial em equipamentos de guerra também seriam facetas significativas de contrainsurgências liberais."
Marshall McLuhan é mencionado uma vez e Michel Foucault duas vezes, mas Turgut Özal está completamente ausente das 723 páginas, assim como todo o clã Barzani.
E não para por aí, a fé do leitor na autoridade dos editores provavelmente não sobreviverá ao primeiro parágrafo do livro, onde eles anunciam suavemente que "no início do segundo milênio da era comum, milhões de pessoas foram às ruas para derrubar regimes que estavam destruindo as provisões de bem-estar social e saqueando os recursos ambientais e humanos de seus países". Sei, tudo isso estava acontecendo por volta de 1010 d.C?
Em suma, The Oxford Handbook é tão excêntrico, politizado e pouco informativo quanto seria de se esperar de um compêndio datado de 2021.
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