Esta entrevista escrita serviu de base para um artigo publicado por Kenneth Kristensen Berth em dinamarquês. Para acessá-lo clique aqui.
Dansk Folkeblad: qual foi o propósito da sua reunião com o Sr. Messerschmidt e sua estada em Copenhague?
Daniel Pipes: eu o vejo como uma importante figura que defende a imigração controlada, assim sendo, eu estava muito interessado em entender como a posição dele difere ou concorda com a do governo.
DF: como o senhor avalia a experiência dinamarquesa em relação à política de imigração? O senhor considera a Dinamarca uma espécie de modelo para outros países?
DP: como o único país ocidental onde esquerda e direita concordam amplamente sobre a necessidade de controlar a imigração, eu realmente vejo a Dinamarca como um exemplo a ser seguido
DF: até onde eu sei, o senhor esteve em Malmö como parte da sua viagem, como o senhor vê as diferentes políticas de imigração na Suécia e na Dinamarca?
DP: sim, dei um pulinho em Malmö. A Suécia e a Dinamarca estão praticamente em lados opostos quanto à política de imigração, embora isso possa não ser mais o caso, visto que os Democratas Suecos estão agora tendo uma voz significativa na política do governo. É fascinante para mim, assim como a tantos suecos e dinamarqueses, observar essa radical diferença entre os dois países que via de regra são tão parecidos.
DF: que lições o senhor traz consigo para os Estados Unidos após visitar a Dinamarca e a Suécia?
DP: que, mais uma vez na história, muito depende dos indivíduos e das circunstâncias.
DF: como é vista nos Estados Unidos a imigração em massa de países muçulmanos para a Europa. Os americanos se interessam pela experiência europeia?
DP: poucos americanos acompanham os problemas da imigração europeia, mas os que se interessam pelo assunto o vêm como extremamente importante para o nosso próprio futuro. As lições estão aí, para serem aprendidas. Por exemplo, os Estados Unidos não têm nada parecido como os "táxis para migrantes" que circulam pelo Mediterrâneo, mas poderiam ter, as autoridades cubanas poderiam imitar a Bielorrússia e convidar os levantinos a usar seu país como base. Ou poderiam exigir dinheiro para não enviá-los de navio, a exemplo do governo turco.
DF: o senhor concorda com a afirmação, muitas vezes ouvida na Dinamarca e na Europa, de que, em geral, os muçulmanos se assimilam melhor na sociedade americana do que na europeia e, se o senhor também pensa assim, qual a explicação para isso?
DP: eu concordo e acredito na assertiva por dois motivos principais. Primeiro, os Estados Unidos são historicamente uma sociedade de imigrantes, de modo que é muito mais fácil receber outro contingente de estrangeiros,diferentemente da Dinamarca, que até recentemente era essencialmente uma grande família, o que torna as coisas mais complicadas. Segundo, os imigrantes muçulmanos nos Estados Unidos são de longe mais educados do que os que vão para a Europa. Isso faz com que eles se assimilem com mais facilidade, mas também significa, no longo prazo, que eles estão em melhor posição de impor influências islamistas.
DF: na sua opinião, é provável que os imigrantes de terceira e quarta geração de origem muçulmana possam ser assimilados em um Estado-nação europeu?
DP: não. Até agora, cada geração de imigrantes muçulmanos na Europa tem sido mais alienada do que a anterior. Não vejo razão para esperar que essa tendência mude, muito menos que se reverta.
DF: como o senhor avalia o futuro da Europa Ocidental à luz do fluxo contínuo de pessoas de países do terceiro mundo e da seca na fertilidade das mulheres europeias?
DP: o mundo rico, salvo a única e surpreendente exceção de Israel, enfrenta uma seca demográfica. E o Leste Asiático está ainda em pior situação do que a Europa. Na contramão, calcula-se que a África acrescente, de longe, o maior número de pessoas. Para sustentar suas civilizações históricas, os países ricos devem tomar algumas medidas urgentes: exortar os jovens a constituir família e ter filhos, controlar rigorosamente as fronteiras, descobrir quais imigrantes serão assimilados (por exemplo, os de Hong Kong) e incentivá-los a vir.
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