Original em inglês: Someone in Tehran Seems to Want a Fight
Tradução: Joseph Skilnik
Alberto Simoni entrevista Daniel Pipes. Com ligeiras adaptações da tradução do italiano para o inglês.
Manchete no L.S. "Os Pasdaran (membros da guarda revolucionária do Irã) ficaram agressivos. Está Cada Vez Mais Difícil Evitar o Confronto." Presidente do Middle East Forum: "É um absurdo entregar Gaza para a ANP."
Daniel Pipes, historiador e diretor do Middle East Forum, conversa sobre o Oriente Médio mais além das represálias israelenses na Síria e dos confrontos na fronteira com o Líbano. O Mar Vermelho e mais adiante lhe parece um lugar de estranhos desdobramentos. O que saltou aos olhos dele na semana passada, quando a escalada se tornou mais concreta, foi "o ataque a partir do território iraniano contra um navio japonês no Oceano Índico".
O MV Chem Pluto, foi atingido por um drone vindo do território iraniano em 23 de dezembro de 2023. |
Estranho por que?
"Porque é uma ação em águas internacionais conduzida por Teerã e não (como de costume) por meio de seus agentes. O próprio governo dos Estados Unidos disse isto."
O senhor acha que haverá uma resposta?
"Acho que Washington não tem outra opção, mas não vejo nenhum sinal disso no momento."
Que mensagem Teerã está mandando ao intensificar suas operações?
"Washington está tentando de tudo quanto é jeito evitar um conflito direto com o Irã, mas os iranianos estão ficando cada vez mais agressivos, evitar um confronto EUA x Irã está ficando cada vez mais difícil. No Mar Vermelho, as ações da milícia Houthi são provocadoras, o ataque no Oceano Índico faz valer também um teatro de confronto. "Parece que alguém em Teerã quer briga"
Isso causa surpresa ao senhor?
"Sim, pois nós nos acostumamos somente com ataques por parte de agentes de Teerã, como o Hamas, Hisbolá, Houthis, e grupos jihadistas na Síria e no Iraque. Mas agora o próprio regime iraniano botou a mão na massa, ao atacar uma rota comercial internacional, nada menos. Ou o regime iraniano não compreende a dinâmica da política internacional ou, como eu disse antes, alguém quer briga. Ambas as explicações são anômalas em relação à República Islâmica."
Até que ponto as milícias regionais alinhadas com Teerã dependem do país para a sua infraestrutura e seus objetivos operacionais?
"Profundas diferenças caracterizam estas milícias em termos da dependência de Teerã. Algumas não se enquadram exatamente no programa iraniano. De um jeito ou de outro, todos têm autonomia. Eles levantam seus próprios fundos, treinam seus próprios combatentes, têm seus próprios objetivos. Nenhum deles é pau-mandado de Teerã."
O secretário de estado dos Estados Unidos Antony Blinken viaja de novo para Israel na semana que vem. Há muitas questões em cima da mesa, do receio da escalada regional, da pressão sobre Netanyahu para reduzir a campanha militar em Gaza, por ações mais cirúrgicas, no sentido de assim reduzir o número de mortes de civis em Gaza. Os israelenses irão ceder à pressão dos EUA?
Secretário de Estado Tony Blinken com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em Tel Aviv, em 12 de outubro de 2023. |
"Ensinar Israel a lutar é um pedido para lá de inusitado. Washington disse aos britânicos o que fazer nas Malvinas? Ou para a França na África Ocidental? Não, porque isto seria errado. Nós normalmente deixamos aos aliados a liberdade de decidir, a nível tático, o que fazer e como conduzir um conflito. Mas quando é com a gente, a coisa é diferente, nós americanos não gostamos nem um pouco quando os suecos e outros nos disseram como agir no Vietnã."
Netanyahu e Biden também têm profundas diferenças de pontos de vista sobre o pós-conflito e sobre o papel da ANP em Gaza. Qual é a sua opinião?
"Ultrapassa as raias do absurdo deixar a Autoridade Nacional Palestina governar Gaza. Há pelo menos duas razões: primeira, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, não condenou o ataque do Hamas, além dele ser demasiadamente fraco para governar Gaza. Segunda e a mais importante, seria melhor para Israel se o país trabalhasse com os habitantes anti-Hamas de Gaza no sentido de criar uma administração local e uma força policial. Há uma hostilidade profunda, enraizada e generalizada contra o Hamas em Gaza, o que significa que existe uma propensão de trabalhar com Israel assim que as hostilidades terminarem."
Eles conseguiriam governar sem a ANP e sem os países árabes?
"Israel pode e deve trabalhar com os habitantes de Gaza. Eles não precisam de potências árabes nem ocidentais."
Será este um caminho para uma solução de dois estados?
"Teoricamente, eu não tenho nada contra a solução de dois estados, mas no presente momento, é um absurdo (antes dos palestinos aceitarem a existência permanente do Estado Judeu)."
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