Daniel Pipes adora a culinária árabe, a literatura árabe e o idioma árabe. No seu trabalho em seu escritório na Filadélfia, freqüentemente toca ao fundo música árabe.
Porém, não passa disso.
Fora isso, o especialista em Oriente Médio, Ph.D de Harvard de fala macia, vive pressionado para falar bem do mundo árabe, pelo menos quando se trata de política. Israel, ele diz, está em guerra com os inimigos árabes e "quando se está em guerra, você tenta vencer. Guerras não estão resolvidas através de negociações, mas sim, quando um lado se rende".
Como diretor do grupo de especialistas do Foro do Oriente Médio, Pipes tem sido fielmente uma voz enérgica quando se trata de geopolítica. Ele pretende defender seu ponto de vista quando fará sua palestra na Organização Sionista da América, secção Norte da Califórnia no dia 11 de Nov. O título da sua palestra é "A Ameaça à Existência de Israel: Por que Ela está de volta, o que Ela Significa".
Na visão de Pipes, a ameaça existencial está definitivamente de volta após a calmaria de Oslo. E ele nem mesmo teve que incluir nesta equação uma bomba atômica iraniana com o nome de Israel nela.
"Há muitas ameaças que além de serem insidiosas, duram muito tempo", ele demonstra, "inclusive a população anti-Sionista dentro de Israel –– inclusive os muçulmanos e judeus anti-Sionistas. A [ameaça] na qual eu estou me focalizando está quase sempre somente determinada através de atitudes em relação a Israel".
Ele não só cita o sentimento anti-Israel através da Europa e ao longo do mundo muçulmano, mas especialmente aquela difundida pela mídia palestina, pelos livros texto e nas mesquitas. Pipes diz que a mensagem é a de "vitória" sobre Israel e sobre o Sionismo, não a de paz e reconciliação. Então, diz ele, chegou a hora de Israel voltar à antiga política de contenção.
"Em 1993, com [os acordos de Oslo], a política de Israel era, ‘Nós lhe daremos um pouco do que você quer, apenas nos deixe em paz', " Pipes diz. "O Apaziguamento era a linha dominante da política israelense. Não deu certo, não com inimigos mortais. Eu defendo que nós voltemos à contenção".
Qual seria a cara dessa nova contenção? Em primeiro lugar, chega de primeiros-ministros israelenses e palestinos apertarem as mãos na mesa de negociações. Não até que os Palestinos desistam da idéia de derrotar Israel. "Eu me recuso a discutir o status final até que o nosso lado vença", Pipes diz. "Eu não vejo nenhuma razão para dar recompensas aos Palestinos".
Ele também defende a demolição de aldeias palestinas que comprovadamente são fontes de ataques contra Israel.
Pipes diz que tem amigos árabes e palestinos e ele acredita que até 20 por cento da população palestina está disposta a desistir e fazer a paz nos termos de Israel. "Eles são uma base potencial para se transformarem em 60 ou 70 por cento" diz ele, "mas neste momento eles são uma minoria".
Estes 20 por cento dão a Pipes a esperança de que a paz pode, no final das contas, vir. Ele acentua que o Islã radical é o problema, enquanto o Islã moderno é a solução.
"Eu não sou anti-alemão; Eu sou anti-Nazi", ele acrescenta. "Eu não sou anti-russo; Eu sou anti-soviético. Eu não tenho nenhuma posição em relação ao Islã, mas eu tenho uma posição muito clara sobre o Islã radical e a ideologia totalitária. Há muitos muçulmanos que concordam comigo".
Pipes recusou a se pronunciar sobre as ambições nucleares do Irã e sua animosidade para com Israel. Contudo, ele se juntou à campanha do candidato republicano à presidência Rudy Giuliani como conselheiro de política externa. Assim também o fez o especialista Norman Podhoretz, proponente de ataques preventivos imediatos contra o Irã.
Tais visões de linha dura fizeram com que Pipes se tornasse estimado pela ala direita da política americana e israelense. Ao mesmo tempo, ele é freqüentemente tratado como um pária ao aparecer em público, especialmente em campus de faculdades.
Três anos atrás na U.C. Berkeley, ele foi vaiado por um grupo de estudantes pró-palestinos que entoavam: "Racista! Racista!" e isso quase ocasionou sua saída do palco. Só no último mês, na Universidade Estadual de Wayne em Detroit, demonstrações de protesto a favor do Hezbollah importunaram Pipes repetidamente. Mas ele se recusa a desistir.
"O debate é extremamente vulgar", diz Pipes. "Não dá para gostar, mas há utilidade em levantar a bandeira e levantar questões, particularmente no campus".