Visto que no dia 31 de dezembro de 2008 expira o mandato das Nações Unidas, que designa a legitimidade da presença de forças dos Estados Unidos no Iraque, vislumbra-se um desastre humanitário e estratégico. O destino de cerca de 3.500 iranianos contrários ao regime será decidido no curso do status das forças de negociações entre Washington e Bagdá.
Os membros do MEK exibem sua bandeira ao passarem por um posto de fiscalização dos Estados Unidos no Iraque em 2003 (AFP). |
Além disso, a rede de partidários do MEK dentro do Irã forneceu inteligência inestimável. Por exemplo, expôs as ambições nucleares de Teerã e as remessas para o Iraque de bombas que detonavam na margem das estradas. Reconhecendo esta assistência, um "Registro de Memorando" realizado pelo Lt. Col. Julie S. Norman datado de 24 de agosto de 2006, observou que "O PMOI sempre nos avisou sobre a intromissão do regime iraniano e fez um papel positivo expondo as ameaças e os perigos de tais intervenções; a sua inteligência tem sido muito útil em relação a isto e em algumas circunstâncias ajudou a salvar vidas de soldados dos [Estados Unidos]".
Embora o MEK ainda conste na lista do Departamento de Estado como uma Organização Terrorista Estrangeira (FTO), isso provavelmente acabará em outubro, porque ela já não obedece aos critérios de terrorismo, tendo renunciado ao terrorismo, sem conduzir operações por muitos anos, carecer de capacidade para gerir futuras operações e não ameaçar a segurança dos Estados Unidos. O Gen. Raymond Odierno, vindouro chefe militar dos Estados Unidos no Iraque, questionava a designação do MEK como um FTO já em maio de 2003: "Eu diria que qualquer organização que entregou seu equipamento à coalizão está claramente cooperando conosco e eu acredito que se deveria revisar se eles ainda são uma organização terrorista ou não ".
Desde então, representantes de vários grupos do governo dos Estados Unidos, liderados pelo FBI, exoneraram os iranianos do Ashraf de terrorismo. Depois que um tribunal britânico regeu em junho que o grupo não estava "interessado em terrorismo" o governo do Reino Unido retirou o grupo de sua lista de terroristas.
Naturalmente, a expulsão do MEK do Iraque está no topo das exigências de Teerã tanto em relação a Bagdá como em relação a Washington. O regime iraniano está determinado a destruir seu principal oponente e com algum sucesso pressionou o governo iraquiano a debandar o Acampamento de Ashraf e entregar membros do MEK ao Irã. Políticos iraquianos simpatizantes a Teerã se uniram nesta empreitada, inclusive líderes da Aliança Iraquiana Unida e o Supremo Conselho Islâmico Iraquiano.
Então, no dia 9 de julho, o ministro do exterior Hoshyar Zebari declarou que o governo iraquiano tinha decidido expulsar os membros do MEK. O embaixador iraniano no Iraque, Hassan Kezemi-Qomi, especificou que o gabinete iraquiano rapidamente concordou em expulsar o MEK do Iraque. O canal de televisão Jame Jam do Irã informou no dia 6 de julho que "as forças militares americanas anunciaram sua concordância de entregar o Acampamento Ashraf a Bagdá e que deu ao MEK seis meses para deixar seu território.
Se estes relatórios forem verdadeiros (e vale a pena observar que declarações anteriores dessa natureza tiveram pequeno efeito operacional), implicam na entrega de residentes desarmados de Ashraf às forças iraquianas ou a sua expulsão para o Irã. De qualquer maneira, parece provável uma matança total, seja através de grupos patrocinados por Teerã no Iraque ou por Teerã propriamente dito. Inspirado por tais sucessos, as ambições de Teerã no Iraque aumentariam indubitavelmente mais ainda.
A administração Bush permaneceu calada diante do desenrolar desses acontecimentos, mas tem o dever e o interesse–baseada em seus compromissos humanitários, suas obrigações baseadas no direito internacional e na sua necessidade de ter aliados contra Teerã – de insistir em suas negociações de status das forças com Bagdá que os membros do MEK no Acampamento Ashraf permanecem sob a proteção do exército dos Estados Unidos e que sejam livres de sair do Acampamento Ashraf.
Após retirar da lista o Mujahedeen-e Khalq como sendo um FTO, Washington deveria usar os quase patológicos medos do regime de Teerã, ameaçando encontrá-lo, ajudá-lo em esforços de relações públicas. Este é o modo mais fácil, mais eficaz de intimidar a República islâmica do Irã.