Fiz uso de algumas declarações de líderes judeus ortodoxos para estudar, com atenção, em "O Futuro do Judaismo", que a ortodoxia será novamente predominante.
É possível que a proporção volte para mais ou menos onde estava há dois séculos, com os ortodoxos novamente constituindo a grande maioria dos judeus. Caso isso aconteça, o fenômeno não ortodoxo poderia parecer, visto retrospectivamente, apenas um episódio, uma procura interessante, importante, cheia de acontecimentos por alternativas, embora fadada ao fracasso, sugerindo que viver segundo os mandamentos deve ser essencial para manter a identidade judaica no longo prazo.
Um novo estudo, "Young Jewish Adults in the United States Today: Harbingers of the American Jewish Community of Tomorrow? (Jovens Adultos nos Estados Unidos de Hoje: Precursores da Comunidade Judaica Americana de Amanhã)" lançamento do American Jewish Committee, confirma essa tendência. Avaliando cerca de 1,5 milhão de judeus americanos entre 18 e 39 anos, constatou que os judeus ortodoxos compõem aproximadamente 11% da população judaica, entre 18 e 29 anos, sobe para 16%. Entre as crianças judias, a porcentagem ortodoxa é provavelmente ainda maior. Colocado de outra maneira, a porcentagem de judeus ortodoxos entre 18 e 29 anos é aproximadamente o dobro do grupo entre a idade de 30 a 39.
O estudo é baseado em pesquisas realizadas pela Ukeles Associates, National Jewish Population Survey de 2000 e 2001 e pesquisas da própria AJC desde o ano 2000.
Steven Bayme, diretor da "vida judaica contemporânea" da AJC, que contratou o estudo, comentou que "jovens adultos ortodoxos irão provavelmente desempenhar papéis cada vez mais importantes na vida judaica organizada, dados seus padrões de comprometimento, número e fertilidade". 27 de abril de 2006
Atualização de 27 de dezembro de 2006: Hillel Halkin confirma essas argumentações em "Trending Toward Orthodoxy (Tendência à Ortodoxia)", onde começa discutindo o esvaziamento das afiliações dos judeus americanos. Mas a redução, acrescenta ele,
é apenas parte da história. A outra parte é o impressionante fortalecimento da educação, devoção religiosa e criatividade judaica nesse particular da comunidade judaica americana, que optou permanecer firmemente ligada ao judaísmo. Esses dois processos não estão de forma alguma dissociados. Pelo contrário: à medida que a assimilação tem conquistado mais judeus americanos, estes por sua vez, que querem resistir, estão cada vez mais convencidos que a única maneira de se opor é se empenhar, com mais fervor, em ser judeu.
Desse modo, assimilação e renascimento cultural são duas faces da mesma moeda da vida judaica americana e, toda essa argumentação, com intenso palavreado sobre a direção que os judeus americanos estão tomando, está intimamente ligada ao lado da moeda que se está olhando. A comunidade judaica americana está rapidamente se polarizando, por um lado em judeus mais e mais assimilados e por outro lado em judeus mais e mais judeus. O vasto meio termo está fora da disputa.
Essa comunidade também se tornou mais ortodoxa, por duas razões, uma porque as famílias ortodoxas têm de longe a taxa de natalidade mais alta, são os únicos judeus americanos a se reproduzirem acima da mera reposição, outra porque, novamente, de longe são eles que gozam do maior sucesso em manter e evitar deserções de seus filhos do ambiente judaico. Embora componham cerca de 10% dos judeus americanos, abrangem um terço dos frequentadores das sinagogas, 20% têm menos de 18 anos e sequer 1% se casam com não judeus.
Além do mais, por mais forte que seja a divisão entre eles e os judeus reformistas e conservadores em relação a questões culturais, a vigorosa fidelidade dos judeus ortodoxos para com o modo de vida judaico é um modelo com que tanto reformistas quanto conservadores terão que seguir cada vez mais, se quiserem sobreviver. A verdadeira história demográfica da vida judaica americana pode se tornar sua constante "ortodoxização" em anos vindouros. Ainda que seja algo cujas implicações poucos líderes ou instituições judaicas americanas têm dado a devida importância, trata-se de uma tendência clara demais para ser ignorada.
Atualização de 1 de agosto de 2007: "Segundo o historiador Dr. Yaakov Wise da Universidade de Manchester, a cada quatro nascimentos de filhos judeus na Grã-Bretanha, três são ultraortodoxos". Jonny Paul explica no Jerusalem Post que
a população ultraortodoxa da Europa está aumentando com mais rapidez do que em qualquer outra época desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo ele, aproximadamente três a cada quatro nascimentos de judeus britânicos são ultraortodoxos e a comunidade já conta com cerca de 45.500 pessoas ou seja 17% do total da população judaica na Grã-Bretanha de cerca de 275.000. Na Grande Manchester cerca da metade das crianças com menos de cinco anos são ultraortodoxas. Os números também estão aumentando na Grande Londres, onde a comunidade ultraortodoxa já conta com 18% dos judeus, de menos de 10% no início dos anos de 1990.
O mesmo padrão vale para os Estados Unidos, segundo Wise. "Nos Estados Unidos também, onde a população judaica é estável ou em declínio, o número de judeus ultraortodoxos está crescendo rapidamente. O prof. Joshua Comenetz da University of Florida (Universidade da Flórida) afirma que a população dos ultraortodoxos dobra a cada 20 anos, o que segundo ele, não só poderá tornar a comunidade judaica mais praticante, mas também mais conservadora politicamente".
Wise conclui a partir dessas estatísticas o seguinte:
Se a atual tendência continuar haverá uma profunda mudança cultural e política entre os judeus britânicos e americanos, que já se encontra em franco progresso. Isso, apesar de estudos demográficos indicarem que a população judaica não ultraortodoxa encontra-se estável ou em declínio. Meu trabalho e o do Prof. Sergio Della Pergola (da Universidade Hebraica), revelam um quadro semelhante em Israel. Por volta do ano 2020, a população ultraortodoxa de Israel irá dobrar e chegará a um milhão de pessoas, ou seja, 17% do total da população. Um relatório recente do Escritório Central de Estatística também constatou que um terço de todos os estudantes judeus estarão frequentando escolas ultraortodoxas em 2012, provocando reuniões de emergência no Ministério da Educação.
Norman Lamm, reitor da Yeshiva University em Nova Iorque. |
Atualização de 10 de maio de 2009: segundo Matthew Wagner, do Jerusalem Post, o reitor da Yeshiva University, Rabino Norman Lamm, prevê o fim dos nomes judaicos não ortodoxos. "Com um peso no coração brevemente rezaremos kaddish em memória dos movimentos reformistas e conservadores. Os conservadores se encontram em clima de desânimo e pessimismo. Estão fechando escolas e de modo geral encolhendo. O movimento reformista poderá eventualmente ter um crescimento, porque se somarmos não judeus aos judeus, então dará certo", conforme referência à política reformista, em vigor desde 1983, de reconhecer a descendência por parte de pai. "O movimento reformista é irrelevante, dado que jamais teve relevância e os conservadores estão se tornando irrelevantes. O futuro dos judeus americanos está nas mãos dos ultraortodoxos e dos ortodoxos modernos. Temos que encontrar meios de trabalharmos juntos". O movimento procura aproximar judeus reformistas e conservadores, "mas não esmaecer no que acreditamos e também não demonizá-los".
Atualização de 19 de junho de 2012: Erro! A referência de hiperlink não é válida. examina "The Death of Jewish Liberalism (O Fim do Liberalismo Judaico)" hoje, ou seja, o crescimento da população ortodoxa. Um trecho:
74% de todas as crianças judias da cidade são ortodoxas, um baby boom que irá transformar totalmente a população judaica da cidade. E isso significa a mudança do voto judaico. Em questão de uma década a Cidade de Nova Iorque terá uma maioria ortodoxa, em uma geração essa maioria será tão importante que definirá sua orientação política. O fim da Nova Iorque liberal judaica já chegou.
Atualização de 25 de novembro de 2013: Alexander Joffe do Middle East Forum analisa o significado da mudança demográfica para o lobby pró Israel:
em algumas décadas apenas judeus americanos não ortodoxos e ortodoxos mais jovens, dedicados a Israel, serão facilmente ultrapassados pelos judeus ultraortodoxos e chassídicos. Considerando o rápido envelhecimento da comunidade judaica e a enorme infraestrutura comunal das organizações de serviços sociais, escolas e instituições culturais, a pergunta é, para onde irá o dinheiro? Dado o baixo nível da educação secular e participação no trabalho dos judeus ultraortodoxos e chassídicos nos Estados Unidos (e Israel), fica complicado seu potencial beneficente. Aliás, baseado em seu status sócio econômico atual, a questão é, quem continuará a apoiá-los? De onde virá o apoio financeiro judaico americano para Israel se o bolo está encolhendo além de haver mais exigências em cima dele? É o campo do desconhecido.