Os ataques do Hamas contra Israel, ora em curso, têm atraído grupos (os de sempre), de nacionalistas palestinos, islamistas, esquerdistas e antissemitas da obscuridade para atacar o estado judeu. Mas, o que causa surpresa, é que Israel está recebendo apoio ou pelo menos alguma moderação e imparcialidade, de fontes antes inimagináveis:
- Secretário Geral das Nações Unidas Ban Ki-moon: "Estamos diante do perigo de uma escalada total em Israel e em Gaza com a ameaça palpável de uma ofensiva terrestre, evitável, apenas se o Hamas parar de disparar foguetes".
- As Forças de Segurança Interna do Líbano detiveram duas pessoas por terem disparado foguetes contra Israel.
- Forças de Segurança do Egito apreenderam 20 foguetes prestes a serem contrabandeados de Gaza.
- Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, participou de uma "conferência de paz" do jornal Ha'aretz em Israel no dia em que começaram os combates*, o que enfureceu o Hamas, pela sua disposição de continuar trabalhando com o Governo de Israel.
- O Ministro das Relações Exteriores da Jordânia Nasser Judeh, exigiu que Israel "interrompa imediatamente a escalada", mas ponderou pedindo "a restauração da calma e a precaução para não atingir civis" e "o retorno às negociações diretas".
- François Hollande, presidente da França, transmitiu a Netanyahu o mais fervoroso apoio que qualquer outro líder estrangeiro ao assegurar ao líder israelense que "a França condena energicamente os ataques" contra Israel expressando" a solidariedade da França contra os foguetes sendo lançados de Gaza. O governo israelense deve tomar todas as medidas necessárias para proteger a população dessa ameaça".
Ministro das Relações Exteriores da Jordânia Nasser Judeh. |
A mídia também está mostrando um equilíbrio incomum em relação a Israel.
- A BBC publicou o artigo, "As imagens de #GazaUnderAttack estão certas"?, sobre os efeitos dos ataques aéreos a Gaza, constatando que "algumas das imagens fazem parte da atual situação em Gaza, mas a análise do #BBCtrending constatou que algumas dessas imagens datam de 2009 e outras são de conflitos da Síria e do Iraque".
- Jake Tapper da CNN questionou a consultora jurídica da OLP, Sra. Diana Buttu, sobre uma gravação onde o porta-voz do Hamas incentiva civis em Gaza a proteger as casas dos líderes do Hamas com seus próprios corpos. Quando Buttu retorquiu dizendo que isso era uma acusação racista, Tapper respondeu, "não é racista, temos o vídeo … Não é racista, é um fato".
Tapper e Buttu na CNN. |
Ofuscando esses dados, embora menos surpreendente, Rasmussen relata que, prováveis eleitores americanos, por uma margem aproximada de 3 para 1 (42% a 15%), culpam mais os palestinos pelo conflito em Gaza do que Israel (segundo uma pesquisa realizada nos dias 7 e 8 de julho, quando começaram as hostilidades). Essa é provavelmente a estatística mais importante sobre o conflito fora do Oriente Médio, com certeza mais importante do que os votos do Conselho de Segurança.
Comentários: (1) Em grande parte a frieza em relação ao Hamas é resultado da compreensão, tardia, de que os islamistas apresentam uma ameaça maior do que os sionistas. Mas sobriedade da mídia indica, em parte, que isso também é resultado do desgaste das táticas desprezíveis do Hamas e a repulsa quanto ao seu repugnante objetivo de destruir Israel. (2) Como o objetivo do Hamas nessa guerra é de cunho político, essa falta de apoio faz muita diferença. 11 de julho de 2014
* Correção: minhas informações sobre a participação de Abbas na conferência do jornal Ha'aretz vieram do artigo do Al-Monitor com o link acima, onde ele informa que "No meio do bombardeio israelense a Gaza em 8 de julho, o Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas, surpreendeu os palestinos ao proferir um discurso em uma conferência de paz organizada pelo jornal israelense Ha'aretz". Contudo, o jornalista Adi Schwartz fez uma retificação, explicando que Abbas não compareceu ao evento: "todos os representantes palestinos que iriam comparecer, decidiram boicotar a conferência. Ele escreveu um artigo para o jornal."
Adendo de 11 de julho de 2014: A reportagem "Egito se distancia da guerra em Gaza" de Adnan Abu Amer, contém algumas alegações dignas de nota sobre a posição oficial do Egito. Alguns trechos:
- Antes do ataque de Israel a Gaza na madrugada de 8 de julho, o canal Al Jazeera Mubasher Misr relatou que o Maj. Gen. Mohammed Farid al-Tohamy, diretor do Serviço Geral de Inteligência do Egito, visitou Tel-aviv horas antes do ataque e se reuniu com autoridades de segurança de Israel. O canal também relatou que o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi concordou que Israel lançasse uma operação militar contra Gaza, para destruir o Hamas.
- Na noite do dia 7 de julho, durante o discurso de aniversário da Guerra do Yom Kippur de outubro de 1973, o que chamou a atenção foi o fato de Sisi não ter feito nenhuma objeção à agressão israelense contra a Faixa de Gaza.
- Al-Monitor entrou em contato, por telefone, com um ex-membro da Assembléia do Povo Egípcio, que falou sob condição de anonimato. "O Egito parece não estar com pressa de acabar com a agressão israelense a Gaza, porque a política externa do Egito está associada com a política interna. Está claro que Sisi considera o Hamas uma extensão da Irmandade Muçulmana no Egito. Logo, não esperamos que ele derrame lágrimas se Israel der uma bela lição ao Hamas", segundo ele.
- O Centro Árabe para Estudos Políticos e de Pesquisa, administrado pelo pensador árabe Azmi Bishara, divulgou uma declaração semelhante em 10 de julho, dizendo "no momento o Egito não está muito entusiasmado em fazer o papel de mediador entre o Hamas e Israel, já que compartilha os mesmos interesses que Tel-aviv, qual seja, fazer com que o Hamas e Gaza paguem caro".
Atualização de 12de julho de 2014: Mahmoud Abbas afirmou que o Hamas deveria reconsiderar suas exigências para chegar a um cessar fogo e que ambas as partes deveriam cessar imediatamente as hostilidades. "Estamos na contramão da história e, além disso, a cada minuto há mais e mais mortes desnecessárias. Não gosto de barganhar com sangue palestino". Ele perguntou ao Hamas: "O que vocês estão querendo alcançar lançando foguetes? Preferimos lutar com sabedoria e política". O Hamas, por sua vez caiu matando em cima de Abbas, acusando-o de "ajudar o inimigo", "agir como terceirizado" chamando-o de " criminoso" e "membro do Likud".
Atualizações de 13 de julho de 2014: (1) "Segundo Khaled Abu Toameh do Gatestone Institute os egípcios esperam que Israel destrua o Hamas". Algumas passagens:
Azza Sami, do Al-Ahram: "Obrigado Netanyahu, que Deus nos envie mais homens como o senhor para destruir o Hamas".
O ator Amr Mustafa, discursando perante os palestinos na Faixa de Gaza: "Livrem-se do Hamas e nós lhes daremos ajuda". O Hamas deve parar de se intrometer nos assuntos internos dos países árabes: "Tire seus homens do Egito, Síria e Líbia. No Egito, estamos lutando contra a pobreza causada pelas guerras. Já temos problemas suficientes. Não espere que o Egito dê mais do que já foi dado. Estamos fartos do que vocês fizeram ao nosso país".
Jornal Al-Bashaye: "O padrão de vida do cidadão de Gaza é bem mais alto do que do cidadão egípcio. Os pobres do Egito são mais necessitados do que os pobres da Faixa de Gaza. Que o Qatar gaste o quanto quiser na Faixa de Gaza. Não devemos mandar nada do que os egípcios necessitam".
Quando o famoso apresentador de TV e jornalista Amr Adeeb, criticou o "silêncio" de Sisi em relação à guerra na Faixa de Gaza, muitos egípcios mandaram-no calar a boca. Um exemplo: "O Hamas é responsável pela matança de soldados egípcios".
Ex-general Hamdi Bakhit: Israel deveria reocupar a Faixa de Gaza porque "seria melhor do que o governo do Hamas".
O apresentador de TV Amany al-Khayat, acusou o Hamas de se pintar de vítima de um ataque israelense com o objetivo de fazer com que o Egito reabra a passagem de fronteira de Rafah com Gaza. "O que eles querem é que abramos a passagem de fronteira de Rafah. O Hamas está disposto a fazer com que todos os residentes da Faixa de Gaza paguem um preço alto para que possam se livrar da crise. Não devemos esquecer que o Hamas é o braço armado do movimento terrorista Irmandade Muçulmana".
Ahmed Qandeel, presidente do Programa de Estudos Energéticos do Instituto de Estudos Estratégicos Al-Ahram, condenou alvejar a instalação nuclear de Israel em Dimona como "idiotice" alertando que isso coloca em risco a vida de egípcios e árabes em geral: "O Egito deve tomar medidas de precaução". Respondendo a esse comentário, um egípcio escreveu: "Que Deus faça com que o Estado de Israel seja vitorioso na guerra contra o movimento terrorista Hamas, durante o mês sagrado de Ramadã".
Jornalista Mustafa Shardi: "Nenhum país árabe fez mais pelos palestinos que o Egito. Por que o Hamas não vai pedir ajuda ao Primeiro Ministro Recep Tayyip Erdoğan da Turquia? Onde está Erdoğan quando vocês precisam dele? Por que ele está calado? Se ele abrir a boca eles (Israel e os Estados Unidos) irão acertá-lo com um sapato. O povo do Egito está perguntando: Onde estão nossos compatriotas que foram sequestrados e levados para a Faixa de Gaza? O Hamas deveria se desculpar pelos 1.000 túneis usados para contrabandear recursos do Egito. Todos os líderes do Hamas possuem seus próprios aviões e contas em bancos suíços".
Mohamed Dahlan, ex-comandante de segurança da Autoridade Palestina, prevê que os egípcios não farão nada para salvar o Hamas: "O Egito não irá intervir para parar a guerra na Faixa de Gaza porque o Hamas estava conspirando com a Irmandade Muçulmana contra o Egito. O Hamas estava trabalhando com a Irmandade Muçulmana contra o exército egípcio".
Depois que o Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas telefonou para Sisi apelando para que ele se empenhasse a fim de obter um "cessar fogo imediato" entre Israel e o Hamas, ele admitiu que seu apelo não deu certo. Segundo Abu Toameh, Sisi (assim como muitos egípcios) parecem "estar satisfeitos que o Hamas está levando uma surra".
Legenda de Khaled Abu Toameh: "Momento constrangedor durante uma reunião entre o Presidente da Autoridade Palestina Abbas e o Presidente do Egito Sisi em abril de 2014". |
O Hamas teceu comentários sobre a atitude egípcia. Comentário de um porta-voz: "É deplorável ver autoridades egípcias apoiarem publicamente a agressão israelense na Faixa de Gaza, enquanto autoridades ocidentais expressam solidariedade aos palestinos e condenam Israel". Líderes do Hamas estão usando palavras do tipo "traição" e "conluio".
(2) Para assistir a um veemente ataque ao Hamas pela personalidade da televisão egípcia, Hayat ad-Daradiri, clique aqui. Ela pede que as forças armadas egípcias ajudem as Forças de Defesa de Israel (IDF) a atacarem Gaza com força.
Hayat ad-Daradiri na televisão egípcia pedindo que o Egito ajude Israel contra o Hamas. |
(3) Boaz Bismuth relata na seção diplomacia:
líderes ao redor do mundo estão mostrando um pouco de compreensão em relação a Israel quanto a operação em Gaza. Jerusalém pode até não estar ganhando um cheque em branco da comunidade internacional mas, sem sombra de dúvida, está obtendo um pouco de crédito. Crédito limitado, mas não deixa de ser crédito.
Considerando as reações do presidente francês Francois Hollande (ainda que tenha limitado seu apoio à operação, 24 horas após seu início, devido a pressão da esquerda), da chanceler alemã Angela Merkel, Secretário de Estado dos Estados Unidos John Kerry e primeiro ministro canadense Stephen Harper, já foi o suficiente para se perceber que a paciência demonstrada pelo governo do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu antes da Operação Barreira Protetora, valeu a pena, na arena diplomática. …
Dessa vez, até as Nações Unidas estão tendo dificuldades em apresentar uma frente unida: Os países da Liga Árabe estão divididos. Os países do Golfo não conseguem esconder a satisfação de ver o Hamas levar um pesado golpe. A Europa, com todos os problemas relacionados a outros países e à segurança, também não está uníssona. A Europa está mais preocupada com a Copa do Mundo e com seus problemas internos, como o exército ucraniano em Donetsk, que é mais urgente e mais próximo de casa do que Gaza. Até o Irã tem contas a acertar com o Hamas, depois que a organização terrorista foi flagrada combatendo ao lado dos rebeldes na Síria.
(4) Ibrahim Khreisheh, representante palestino nas Nações Unidas, alertou em 9 de julho, que as ações do Hamas impedem que os palestinos possam apelar para o Tribunal Penal Internacional.
Os mísseis que agora estão sendo lançados contra Israel constituem, cada um deles, um crime contra a humanidade, acertando ou não, porque estão sendo direcionados à população civil.
Quanto ao Hamas que incentiva o povo a posar como escudo humano:
muitos residentes de Gaza apareceram na TV dizendo que o exército israelense os alertou a evacuarem suas casas antes do bombardeio. Nesse caso, se alguém for morto, a lei considera isso um engano e não intencional, porque os israelenses obedeceram aos procedimentos legais. Quanto aos mísseis lançados do nosso lado, nós nunca alertamos ninguém sobre onde eles irão cair ou sobre as nossas operações.
Atualização de 15 de julho de 2014: "Segundo Daniel Siryoti o Hamas está mais fraco do que nunca, até na mídia árabe".
Personalidades da imprensa árabe afirmaram que o Hamas é culpado pela escalada da violência e pelo sofrimento de mais de um milhão de palestinos que vivem em Gaza. As críticas ao Hamas têm sido manifestadas através de diversos editoriais e comentários na imprensa árabe mais popular, bem como por comentaristas já consagrados, em noticiários que cobrem a violência em Gaza. A imagem do Hamas está no ponto mais baixo dos últimos 20 anos, com censuras cada vez mais fortes na Arábia Saudita, Egito, entre os emires das nações do Golfo Pérsico e, também na Jordânia e Líbano.
No Egito, uma âncora disse, "o responsável pelo massacre que Israel está realizando contra os cidadãos palestinos na Faixa de Gaza é o Hamas, que num esforço provocativo, optou por escalar a violência contra Israel, atraindo a agressão israelense, simplesmente para pressionar o governo egípcio a abrir a passagem de fronteira de Rafah". No jornal Al-Watan da Arábia Saudita, foi publicado um editorial criticando tanto Israel quanto o Hamas. "O Hamas está mais isolado do que nunca. A organização está se revoltando contra a legítima liderança palestina, sendo vista no mundo todo como uma organização criminosa que lança mísseis contra Israel".
Atualização de 16 de julho de 2014: Meu artigo, "Por que o Hamas Quer a Guerra?" saiu no National Review Online em 11 de julho e é uma pequena fração do ataque ao Hamas. O importante Website dos Emirados Árabes Unidos, 24: Noticias de Um Momento para Outro, traduziu e publicou uma cópia pirata como "شيونال ريفيو: لماذا تريد حماس الحرب؟ الحركة تأمل كسب الرأي العام " ("National Review: Por que o Hamas Quer a Guerra? O Movimento Quer Conquistar a Opinião Pública").
Tradução para o árabe do 24 do meu artigo sobre as intenções do Hamas. |
A tradução de Tarqi Alyan não é perfeita, nem é dado a mim os créditos como autor, fui apenas citado no meio do artigo como se eu tivesse feito um comentário. Mas é incrível ver uma coisa dessas, dado que meus pontos de vista não têm sido muito promovidos ultimamente no Golfo Pérsico. Bem, é sempre bom ter um público novo.