ANFITRIÃO, GLENN BECK: A seguir, a verdadeira história por trás do pronunciamento do presidente na noite passada, o premiado ator Brian Dennehy estará presente. Eu quero perguntar a ele o quão Hollywood está fora de compasso com o restante da América. A seguir.
Locutor: O episódio desta noite é oferecido pelas eleições 2006. Caso você queira que tudo o que lhe for importante seja transformado em lixo pelos oportunistas, acompanhe as eleições 2006.
BECK: Sejamos honestos um com o outro. Vivemos hoje num país onde as pessoas não dizem o que realmente pensam. Vou me esforçar em fazer isso todas as noites. Aqui está o que as pessoas estão dizendo em relação ao discurso do presidente Bush: "Ele está tentando politizar o 11 de setembro só para justificar a guerra no Iraque." Bom, eu digo: "Cale a boca. Pare de jogar com a política."
Você viu o ataque à nossa embaixada na Síria? O Oriente Médio está sendo invadido pelos bárbaros do século 10. Isto foi o que eu pensei às 5:00h da manhã de hoje, aí eu refleti, mas o que é isso? E se eles assumirem o controle – se os bárbaros atacam o portão e assumem o controle sobre o Oriente Médio, isto é o que eu estava pensando às 5:00h da manhã. Teremos que jogar bombas atômicas em toda aquela região.
Ih, não quero nem pensar nisso. E certamente também não quero aparecer dizendo isso em rede nacional. Embora possa parecer maluquice, esta foi a razão pela qual esse pensamento insano passou hoje pela minha cabeça, porque eu conheço um tanto da história do Oriente Médio.
Permita-me apresentar-lhes alguns pensadores insanos. Os chamados governantes da Síria. Eles não são estranhos no combate ao terrorismo. Nos anos 80 a Irmandade Muçulmana tentou derrubar o governo sírio. Qual foi sua reação? Mataram cerca de 40.000 pessoas. Maluquice, certo?
Contudo, eis o que eu estava pensando esta manhã. Eles agiram desta maneira porque são monstros que eu não consigo compreender ou foi porque este é o único meio de derrotar o mal extremo, liquidando-o completamente?
E lembre-se, os sírios na realidade não são os mocinhos neste cenário. Eu não quero me transformar em sírio, porém quais são as alternativas quando se trata de pessoas que não irão parar – que nada os deterá até que eles te matem? E isso é o padrão no Oriente Médio. Ou pelo menos esta é a sensação.
Você se lembra de quando ocorreram os abusos abomináveis em Abu Ghraib? Lembre-se, eu sou um conservador. Fui eu quem disse, "Ora, isto desonra nossos militares. Não podemos nos comportar dessa maneira." Você se lembra das críticas relacionadas a este evento? Bem, transferimos o comando em Abu Ghraib para os iraquianos. Provavelmente você não sabia disso, sabia?
A nova Abu Ghraib faz a velha Abu Ghraib americana parecer um parque de diversões. Uma testemunha americana disse ter ouvido gritos de terror quando da sua volta àquela prisão. Um prisioneiro chegou a agarrá-la pelo pescoço, dizendo, "por favor, não nos abandone". São múltiplas alegações de tortura, com objetos como ferros em brasa. É ruim. E esta prisão está sendo administrada pelos iraquianos ditos bonzinhos. Fantástico.
Este é o debate que agora deveríamos ter neste país. Não se – se Bush está conduzindo mal a guerra no Iraque e se estava usando seu discurso para obter ganhos políticos. Este é o debate. Como podemos vencer um inimigo desses?
Nós não vemos o mundo da mesma forma como os povos do Oriente Médio o vêem. Mesmo as boas pessoas o vêem um pouco diferente. A região está repleta de pessoas boas, assim como você e eu. Tudo que eles querem é ter um emprego, passar o tempo com a família e assistir tv. Pelo menos é nisso – é nisso que eu acredito. Não posso acreditar que sejam diferentes de mim. São aqueles que atiram granadas contra as embaixadas que temos de confrontar e eliminar.
É de vital importância recordarmos que o Oriente Médio se assemelha muito à Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial. Foi uma minoria que colocou Hitler no poder. Quanto aos fundamentalistas islâmicos, eles realmente não compõem a maioria dos povos do Oriente Médio, e se não forem checados, irão controlar e dominar tal qual Hitler o fez. Sendo assim, é ladeira abaixo, diretamente para o inferno, cara. É a realidade.
Portanto, hoje é esta a minha opinião. Sim, parece que a maior parte do Oriente Médio está repleta de bárbaros do século 10. Mas essa não é a história toda. Há forças na região, desesperadas para nos lançar àquela época, e nós temos que eliminá-las antes que dominem a região e nos destruam a todos.
Daniel Pipes está aqui conosco. Ele é o diretor do Middle East Forum. Daniel, diga-me que estou errado.
DANIEL PIPES, DIRETOR DO FÓRUM DO ORIENTE MÉDIO: Eu concordo com quase tudo que você disse. Discordo porém de uns poucos itens.
BECK: OK.
PIPES: Mas basicamente você está certo. E a palavra chave que você usou – a palavra é doente. O Oriente Médio é uma região politicamente doente. Muito doente. E você deu – deu uma demonstração dramática disso.
BECK: OK, Tomemos a Síria. Quem você acha que está por trás da Síria? Ao ataque à nossa embaixada?
PIPES: Ou trata-se de mais um incidente do radicalismo muçulmano, do terrorismo que ocorreu não somente nos Estados Unidos e na Europa mas também no Marrocos, Arábia Saudita, Líbano e outras partes do mundo. E a toda hora no Iraque.
Ou então trata-se – de uma operação orquestrada pelo governo sírio com o objetivo de se safar de uma situação complicada ou de melhorar sua situação. Eu não sei do que se trata, porém, certamente acho que devemos estar abertos para a segunda possibilidade.
BECK: OK, espere um pouco. Espere um pouco. O que eles estão tentando conseguir? O que eles estão tentando fazer aqui? Se for o caso da segunda opção.
PIPES: Os sírios estão com muitos problemas, e talvez estejam tentando se aproveitar desse incidente terrorista para consertar as coisas. Por exemplo, tropas européias estarão posicionadas no Líbano ao longo de suas fronteiras.
Israel demonstrou muito descontentamento com o governo sírio.
Assim como os Estados Unidos. Tanto quanto muitos vizinhos árabes. Talvez esse seja um modo de sair do noticiário. O que impressiona é que eles já fizeram isso muitas vezes.
BECK: Não é – não é a Síria – basicamente, quero dizer, se você usar a analogia da Segunda Guerra Mundial. E eu acho que a Síria é a cabeça da serpente. Eu não sei qual é o seu posicionamento a respeito disso, mas eu acho que ela é – é a Alemanha da Segunda Guerra Mundial. Não estaria a Síria para o Irã assim como a Áustria para a Alemanha?
PIPES: Só que a Síria não está ocupada pelo Irã. Ela toma suas próprias decisões, mas não discuto que a Síria é muito menos do que os dois países e que o Irã é a verdadeira ameaça.
BECK: Se a Síria é a responsável, isso implicaria, implicaria, -- quero dizer, pelo menos ao seu ver implicaria que, quero dizer, que pelo menos o Irã sabia que...
PIPIES: Duvido.
BECK: Você duvida?
PIPES: Eu acho que os sírios fazem suas próprias táticas. E por exemplo, há um ano e meio eles assassinaram o ex-presidente do Líbano. E ao longo dos anos 80 – talvez você não se lembre, mas havia um padrão de comportamento de seqüestrar cidadãos americanos e depois soltá-los. Eles faziam esse jogo duplo.
Eles atacaram os dinamarqueses -- em fevereiro deste ano, deixaram a embaixada dinamarquesa ser incendiada. As Nações Unidas – faz algum tempo a missão das Nações Unidas foi atacada. Isso vai se repetindo. A Síria é um estado policial.
BECK: Certo.
PIPES: Ninguém pode fazer uma coisa dessas, na maioria dos casos, sem o devido consentimento. Resta concluir que realmente há a suspeição de que se trate de uma operação síria.
BECK: A Síria – ela tem – quero dizer, o aiatolá do Irã, ele tem uma visão de fim do mundo. Quero dizer, eles são – são sombrios.
PIPES: Sim.
BECK: A Síria é do mesmo tipo de...?
PIPES: Não.
BECK: ....pensamento?
PIPES: O que temos na Síria é uma autocracia de esquerda decadente, que há 40 anos tinha algum tipo de vida e sentido, mas que hoje não tem mais significado algum. E o que é tão surpreendente em relação à Síria assim como em relação à Coréia do Norte é que se trata de um governo republicano. Ela não é uma monarquia. Assim como na Coréia de Norte, o atual ditador presidente é filho do ditador que o antecedeu.
BECK: Certo.
PIPES: Eles possuem um esquema de regime republicano e monárquico selvagem.
BECK: O pessoal que – digo, o islã radical, os malucos, será que temos que aniquilá-los por completo? Não existe outro meio de vencer a não ser pelo método sírio?
PIPES: Se você prestar atenção nas duas batalhas ideológicas que enfrentamos, contra a Alemanha e contra a União Soviética, no caso da Alemanha você pode dizer que nós a aniquilamos, porém no caso da União Soviética nós a derrotamos de uma maneira muito mais sutil.
BECK: Sim, mas...
PIPES: Não estou seguro de como isso ocorrerá, mas a questão é que temos que derrotá-los.
BECK: Certo.
PIPES: Serão necessárias muitas discussões e pesquisas para se descobrir a melhor maneira, mas temos que derrotá-los.
BECK: OK. Daniel, eu sou um grande fã seu. Muito obrigado. Pelo tempo que nos concedeu.
PIPES: Obrigado.