Anfitrião: Então, por que a oposição [à Academia Internacional Khalil Gibran]?
A oposição, contrário ao que Noah Feldman disse no início do programa, não tem nada a ver com a cultura árabe ou seu idioma.
Realmente, desde o começo eu disse que gostava da idéia. Eu acho maravilhoso que haja um intenso ensino árabe. Agora, há outros que discordam, mas a minha posição - como quem estudou árabe desde os 19 anos, que teria adorado ter começado aos 12, é a seguinte; eu acho que é uma grande idéia.
O problema, na teoria, era a de que eu vi inúmeras vezes que o ensino do árabe implicava numa agenda política ou religiosa. Eu documentei isto [acontecendo] em vários lugares, como na Faculdade de Middlebury em Vermont ou na Argélia, ou numa gama de escolas ao redor do país. Portanto… uma grande idéia, mas tem que ser implementada corretamente.
Então nós começamos a aprender não sobre o currículo, não sobre os livros de ensino, não sobre os detalhes [da KGIA] mas sim, nós começamos a estudar sobre a Sra. Almontaser. Infelizmente, nos foram ocultados os detalhes da escola; existe um tipo de segurança militar que estava lá há um ano e que continua lá agora. Como você ouviu [num segmento anterior], não foi permitida a entrada da Sra. Elliot na escola.
Deste modo, tivemos que nos focar sobre o que nós sabíamos e muito a respeito disso, era o desígnio do diretor e dos conselheiros da comissão de diretores e do resumo dos projetos – você sabe como é, pedaços e fragmentos. O que eu vi me deixou angustiado porque, na realidade, confirmou a minha preocupação que ela [a KGIA] teria uma agenda islâmica.
Anfitrião: Eu queria que você fosse um pouco mais adiante sobre a sua idéia ou sua frase que eu ouvi citada, do artigo do New York Times, a respeito dos – "islâmicos legais" - o que isto significa e como isto afeta esta controvérsia?
Esta pequena controvérsia é parte de uma questão bem maior que tem a ver com o papel do Islã, o papel da lei islâmica. A atenção do 11 de setembro foi focada no terrorismo e isso foi muito importante, mas o terrorismo é apenas uma forma de promover as metas do Islã radical, Islã radical, definido como um esforço de se aplicar a Shari‘a em sua totalidade.
Há outros meios e em particular, eu acho o mais importante aquele que trabalha dentro do sistema, através do sistema educacional, do sistema político, da hierarquia religiosa, das instituições sociais de um modo legítimo, político e não violento. Eu vejo a Academia Internacional Khalil Gibran um exemplo disso e eu acho que no longo prazo, tem mais potencial que a violência, a criminalidade e o terrorismo.
Anfitrião: Mas você acaba de descrevê-la como legítima.
É legítimo... é legítimo tentar criar uma escola islâmica e é legítimo para mim tentar detê-los, portanto trata-se de um argumento político.
De que maneira nós queremos ver este país? Nós queremos ver este país dar privilégios especiais a Shari'a, a lei islâmica ou na realidade até mesmo termos a lei da Shari'a aplicada? Ou nós não queremos?
E esta é a batalha política, na qual a Sra. Almontaser está de um lado e eu estou do outro. Ela quer aquela lei, eu não a quero.
Anfitrião – Trata-se de uma caça às bruxas? [tentando se recuperar depois um telefonema insultuoso].
Deixe-me ser muito claro a respeito do que eu estava tentando fazer. Eu gastei anos da minha vida aprendendo árabe a acho que é algo importante a se fazer; eu gosto do idioma árabe, eu gosto da cultura do Oriente Médio, esta tem sido uma parte importante da minha vida por 40 anos, porém no ensino do árabe, está implícito, freqüentemente implícito, a noção de que o aluno deveria se tornar muçulmano, de que há uma agenda islâmica.
Eu vi pessoalmente isto acontecer e mostro nos meus artigos vários documentos a cerca disto, não estou dizendo que isto seja inevitável, mas é algo a se preocupar. Há muitos professores que não fazem isto. Na realidade, meu próprio professor de árabe no final dos anos 60 não o fazia.
Mas como podemos ver caso após caso, a academia de Tareq Ziyad na área de Minneapolis ...uma escola em San Diego, em Summerville, Massachusetts, na área de Atlanta, várias em Ohio…caso após caso, também vimos que o ensino árabe implica num empurrão para o Islã na realidade para o Islã radical.
Isso não é uma caça às bruxas.
Isso quer dizer observar algo e criticá-lo e eu desejo que os meus críticos tenham a decência de responder ao que eu estou dizendo, em vez de me insultar e de me xingar.