Quando o presidente norte-americano, Barack Obama, se reuniu com o rei Abdullah II da Jordânia em seu primeiro encontro com um líder árabe do Oriente Médio, voltou a falar sobre a ideia mais popular para solucionar a questão palestina: a separação do território ocupado do país judeu, formando dois Estados separados. O assunto ganha ainda mais importância pela chegada, nesta segunda-feira (12) do Papa Bento XVI a Israel, depois de passar pela Jordânia em sua primeira viagem à região como "peregrino da paz". A chamada proposta de dois Estados soa interessante, mas não parece avançar tanto, e já há analistas propondo algo diferente: uma solução "sem Estados".
A ideia já corre na boca da população da região, segundo o historiador Daniel Pipes, diretor do Middle East Forum, que escreveu sobre a proposta - a qual ele mesmo admite ser um tanto fantasiosa e com pouco entusiasmo, mas "a única prática". "Não é a primeira escolha de ninguém, mas, se nenhuma das outras soluções funciona, pelo menos é algo para ajudar temporariamente", disse, em entrevista ao G1, por telefone.
Pipes alega que a proposta vem ganhando apoio aos poucos: no lugar do controle total por Israel, ou da criação de um Estado palestino ou de um Estado binacional, "voltar ao que funcionou toleravelmente bem de 1948 a 1967, com domínio dos territórios palestinos divididos entre a Jordânia e o Egito. Enquanto Amã controlaria a Cisjordânia, o Cairo conrtolaria a Faixa de Gaza", escreveu recentemente.
Na entrevista, Pipes admitiu que a solução de dois Estados ainda é mais popular, mesmo em Israel. O problema, entretanto, se agravou com a recente eleição do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, visto como mais forte na defesa dos interesses judeus. "Ele diz a Obama que é a favor de um Estado palestino, mas nào acho que esteja sendo honesto. Minha expectativa é de que ele não vai levar nenhum acordo adiante durante seu governo."
Jordânia
O território da Jordânia é separado da Cisjordânia pelo rio Jordão. A área ocupada por Israel já fez parte do Reino Hashemita da Jordânia, que perdeu o território definitivamente durante a Guerra dos Seis Dias (1967) e abriu mão de lutar por ele quando assinou acordo de paz com Israel. O reino já vem servindo como uma alternativa para os refugiados palestinos. Estimativas apontam que quase um terço da população que vive na Jordânia seja refugiada.
Segundo Pipes, os jordanianos aprovam cada vez mais a proposta de assumir controle da região que fica além do rio. Ele alega ter conversado com pensadores sobre a questão, como o diretor do centro israelense/palestino para pesquisa e informação Hanna Siniora. "A falta de perspectiva de uma solução de dois Estados nos força a revisitar a possibilidade de uma confederação com a Jordânia", disse. Ele alega ainda que, no Egito, a Faixa de Gaza já é vista como parte do país pela população.
O governo jordaniano não se pronuncia oficialmente sobre a proposta, e continua pressionando para a "independência" palestina. No Egito, o presidente Hosni Mubarak declarou recentemente que a Faixa de Gaza "jamais será parte do Egito".
O premiê israelense também não se pronunciou até o momento sobre a ideia "fantasia" de separação dos territórios ocupados, mas Pipes diz acreditar que ele está mais próximo desta de que de qualquer outra solução para os conflitos.