Enquanto o Pentágono e o Senado iniciam o que um analista chama de "duelo sobre as investigações de Fort Hood", será que confrontarão a dura realidade do ângulo islâmico?
O título da página da demonstração do PowerPoint de Nidal Hasan para uma palestra médica em junho de 2007, indica o quão pouco interesse ele tinha na medicina e quanto na percepção da contradição entre ser muçulmano e ser um soldado americano. |
De fato, as primeiras reações do exército dos Estados Unidos, das autoridades responsáveis pela aplicação das leis, políticos e jornalistas concordam de forma abrangente que a balbúrdia homicida do Major Nidal Hasan nada tinha a ver com o Islã. Barack Obama declarou "Nós não podemos saber com exatidão o que leva um homem a fazer uma coisa dessas" e Evan Thomas da Newsweek não levou em conta Hasan considerando-o "caso de um maluco".
Porém, as evidências se acumulam confirmando que a mentalidade islâmica de Hasan, seu temperamento jihadi e seu intenso ódio em relação aos kafirs (infiéis). Eu revisei os fatos iniciais sobre seu histórico em um artigo do dia 9 de novembro mas muitas informações apareceram subsequentemente; aqui segue um resumo. A evidência se divide em três partes, começando com a atividade de Hasan no Centro Médico do Exército Walter Reed:
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Ele discursou por uma hora na apresentação médica formal a seus supervisores e a cerca de 25 membros da equipe de saúde mental em junho de 2007, ponto culminante de sua prática do programa de residência em Walter Reed. O que se supunha estar em um tópico médico de sua preferência acabou se transformando em uma conversa com 50 slides do PowerPoint sobre "A visão alcorânica de mundo enquanto se relaciona aos muçulmanos nas Forças Armadas dos Estados Unidos" que expressa comentários tais como "Está ficando cada vez mais difícil para os muçulmanos no serviço militar justificar sua presença nas forças armadas que parecem constantemente engajadas contra seus colegas muçulmanos" e o "Departamento de Defesa deveria dar aos Soldados Muçulmanos [sic] a opção de serem dispensados como 'Dissidentes em nome da consciência' para aumentar o moral da tropa e diminuir eventos adversos". Uma pessoa presente na apresentação recorda como, na hora da conclusão, "Os médicos veteranos estavam realmente transtornados".
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Hasan informou a pelo menos um paciente em Walter Reed que o "Islã pode salvar sua alma".
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As tendências islâmicas de Hasan eram tão aparentes, relata a National Public Radio, que autoridades psiquiátricas em Walter Reed se reuniram para discutir se ele era psicótico. Uma autoridade comentou com seus colegas a respeito de suas preocupações "de que se Hasan for posicionado no Iraque ou no Afeganistão, ele poderia vazar informações militares secretas aos extremistas islâmicos. Outra autoridade, ao que consta, questionava em voz alta seus colegas se Hasan seria capaz de cometer fratricídio", lembrando o comportamento violento do sargento Hasan Akbar em 2003.
Em seguida vem o registro de Fort Hood:
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Sua supervisora, Capitã Naomi Surman, lembra dele ter lhe dito que como infiel ela seria "cortada em pedacinhos" e "queimaria no inferno". Outro relata que ele declarou que os infiéis deveriam ser decapitados e óleo fervente entornado garganta abaixo.
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Em suas sessões de aconselhamento psiquiátrico com soldados voltando do Iraque e Afeganistão, Hasan ouviu informações que considerava equivalentes a crimes de guerra. Ainda em 2 de novembro, três dias antes da sua orgia homicida, ele tentou convencer pelo menos dois de seus oficiais superiores, Surman e o Coronel Anthony Febbo, sobre a necessidade de processar legalmente os soldados.
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Hasan assinava seus e-mails de forma rotineira com "Louvado seja Alá".
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Ele listava seu primeiro nome como Abduwalli, em vez de Nidal, no endereço de e-mail no seu registro pessoal oficial do exército. 'Abd al-Wali é um nome árabe que significa "Escravo do Patrono", onde Patrono é um dos 99 nomes de Deus. Não está claro a razão pela qual Hasan fazia isto, mas Abduwalli poderia ter sido um nome de guerra, sendo isto uma prática comum entre os palestinos (Iasir Arafat tinha até dois nomes - Iasir Arafat e Abu Ammar).
No dia da sua balbúrdia homicída, Hasan usava vestimentas do estilo paquistanês, foi fotografado por uma câmera de circuito interno. |
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Ele desenhou cartões de visita pessoais em verde e branco que não faziam nenhuma menção sobre sua afiliação militar. Em vez disso, incluíam seu nome, em seguida "Saúde Comportamental [sic] Saúde Mental e Habilidades de Vida", um celular de Maryland, um endereço de e-mail da AOL e "SoA (SWT)." SoA é uma abreviação de jihadi que significa Soldado de Alá e SWT significa Subhanahu wa-Ta'ala, ou "Glória a Ele, o Elevado".
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Hasan contatava Web sites jihadi via múltiplos endereços de e-mail e nomes de usuários.
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Ele trocou 18 e-mails entre dezembro de 2008 e junho de 2009 com Anwar al-Awlaki, recrutador da Al-Qaeda, fonte de inspiração para pelo menos duas outras conspirações terroristas norte americanas, e fugitivo da justiça dos Estados Unidos. Awlaki foi o líder espiritual de Hasan em duas mesquitas, Masjid Al-Ribat Al-Islami em San Diego e o Centro Islâmico Dar al-Hijrah nos arredores de Washington, D.C. e ele reconhece ter se tornado confidente de Hasan. Awlaki especula que ele pode ter influenciado a evolução de Hasan e enaltece Hasan pelo massacre, chamando-o de "herói" que "fez a coisa certa" matando soldados dos Estados Unidos antes que pudessem atacar muçulmanos no Iraque e no Afeganistão.
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Nesses e-mails, Hasan perguntou a Awlaki quando a jihad seria apropriada e sobre a matança de inocentes em um ataque suicida. "Mal posso esperar em me juntar a vocês" na vida após a morte para discutirmos a respeito do vinho sem álcool, escreveu-lhe Hasan. Um analista considera Hasan "quase um membro da Al-Qaeda".
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"Minha força são meus recursos financeiros", Hasan se vangloriava para Awlaki,
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e ele doava de US$20.000,00 a US$30.000,00 por ano para "instituições de caridade" islâmicas fora dos Estados Unidos, algumas para o Paquistão.
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O fato de Hasan, de origem palestina, que usava vestimentas paquistanesas na manhã do seu comportamento violento aponta para a sua mentalidade jihadi.
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Hasan tinha "mais conexões inexplicáveis com pessoas que estavam sendo rastreadas pelo FBI", além de Awlaki, incluindo algumas na Europa. Uma autoridade caracterizou-os como "extremistas islâmicos não necessariamente al Qaeda."
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Duane Reasoner Jr., convertido muçulmano de 18 anos de quem Hasan foi conselheiro em Islã, se considera um "extremista, fundamentalista, mujhadeen (guerrilheiros islâmicos), muçulmano" que abertamente apóia Awlaki, Osama Bin Laden, o Taliban, Omar Abdur Rahman (o xeque cego) e Adam Gadahn (a mais alta figura americana da Al-Qaeda).
Estes sintomas em conjunto deixam poucas dúvidas a respeito da mentalidade jihadi de Hasan. Mas será que as investigações permitirão a si mesmas enxergar as motivações dele? Se assim for significaria mudar de uma guerra contra "operações de contingência no exterior" e "desastres causados pelo homem" para um guerra contra o Islã radical. Os americanos estão prontos para isso?